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O Outro Lado do Bigode, o cartoon da Lurdes.
Como ler unicórnios com José Milhazes
Houve tempos que ficava bem um Batatinha no horário da tarde na televisão. Com o eclodir da guerra, Milhazes ganhou o seu espaço e as suas horas semanais ilustram a qualidade que a comunicação social dá a temas importantíssimos. Ninguém o dispensa, fala de tudo o que tem a ver com a Rússia, como se, falar de um país que tem o tamanho de um continente, fosse falar do município da Póvoa de Varzim. Este Ronaldo do comentário também é o português típico no qual todos se revêem e seguem. Ora imaginemos…
“Ó Zé e os russos pá? - Os russos são assim mesmo, completamente imperialistas, querem dominar todos os pobos à sua imagem de ditadores. São sedentus por mais território. O Putin é um criminoso, o Zé lensky é um balente líder. Os russos são todos maus, devemos defender-nos deles. Já estão a levar uma tareia bem dada pelos ucranianos. Bem merecem o nosso apoio total. Temos de os f&%$ a todos.”
Acredito que em algum café em Portugal já se ouviu algo parecido a isto. Acontece que a separação de um espaço de convívio social é ligeiramente diferente de um espaço televisivo, mas isso acho eu que sou um bocado ultrapassado. Também, o Milhazes nunca disse tais coisas, apenas fala da genitália do presidente russo, da sua suposta debilidade psicológica, da utilização de cães para assassinar ucranianos, apela ao cancelamento de tudo o que vem da Rússia, vê espiões russos por toda a parte, as derrotas vistas como ganhos significativos, as estratégias militares vistas como massacres contra a humanidade… Todas as notícias são comentadas em tempo real com base no mesmo script: russos - maus, Putin - odioso, governo ucraniano - incrível, Zelensky - o Churchill, ocidente - sempre bem, EUA - a esperança. Aos que acham que todas estas simplificações não são bem assim - pró-putunistas ou pró-russos. Parece uma cartilha que nunca falha. Nesta altura do ano, volta ao ataque a um dos seus temas preferidos, a festa do Avante, onde acha que os artistas de renome nacional antes de actuar deveriam dizer “Eu apoio a Ucrânia na guerra”. Sem dúvida, é isto o essencial, saber se Jorge Palma é ou não a favor da invasão, caso seja, é assobiá-lo o concerto todo. Se também não se pronunciar é injuriá-lo, pois, à boa maneira portuguesa, quem cala consente. Tão bom, sou fã de Milhazes, apoiarei sempre a sua presença, preciso de um Milhazes em cada canal, preciso da sua opinião para viver mais descansado. Como seu apreciador e, atendendo às várias horas que vai ainda ter de antena e à possível escassez de assuntos, deixo uma lista de temas que poderá aprofundar, melhor, simplificar como ele bem sabe. Apesar de na lista que se segue parecer tudo muito inverosímil, o nosso Ronaldo do comentário conseguirá fazer a sua magia:
(medidas)
(notícias)
Continuação de bom trabalho ao ilustríssimo José Milhazes, que estes tópicos lhe sirvam para mais comentários de excelência, como o são quase todos os que tem feito…
Por: Filipe Fidalgo
O Outro Lado do Bigode, o cartoon da Lurdes.
Recrutamento
Se és conservador, católico, bem vestido, com ideias do passado assentes numa boa capacidade argumentativa para as recriar em ambiente contemporâneo, se tens bom estatuto social, desdém a pobres, se a família é uma referência e obrigação de vida, se já tiveste alguma representação em associações, não percas tempo e regista-te no CDS - PP.
Temos o orgulho de ser o partido que, em todos os principais órgãos de comunicação social, é representado por mais do que um comentador ou colunista político. Isto é único nos partidos em Portugal, visto que não temos nenhum deputado eleito no Parlamento, o que por si só revela o poder do nosso partido e as ligações de anos que gozamos com a comunicação social.
Somos uma autêntica fábrica de talentos no que à opinião pública diz respeito, bem visível no horário nobre das principais cadeias de televisão. Apesar de respeitarmos muito a democracia, infelizmente ela não funciona como os melhores exemplos das empresas privadas, por isso, é mais fácil para nós as ligações com as televisões e jornais, e essa carreira para ti está garantida.
Junta-te a esta Escola de opinião que liga Portugal desde 1974.
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O ministério de defesa britânico assumiu que a Rússia perdeu 1 soldado por cada 48 centímetros de avanço em Bakhmut. Ou a Rússia já não tem soldados ou Bakhmut tem apenas alguns metros.
Por: Filipe Fidalgo
António de Oliveira Salazar
Ser proveniente de Santa Comba Dão, actual habitante dos pesadelos de esquerdistas e dos sonhos molhados de conservadores de direita em Portugal. O Salazar pertence à espécie dos ditadores nacionalistas. No entanto, o seu grau de parentesco com os fascistas provoca acesas discussões entre os especialistas. De uma adolescência passada no seminário, mudou-se, adulto, para a Universidade de Coimbra, afim de estudar direito. Ficou professor na mesma universidade. O Salazar deve ser tratado com a devida distância, qualquer convite será interpretado como vitalício. Convidado para a pasta das finanças, deixou-se ficar no Estado, ocupando diferentes cargos durante décadas. Assim nasceu o Estado Novo. Em 1933, acometido de uma forte alergia partidária, e preocupado com a saúde de outros portugueses que sofressem da mesma maleita, decide abolir os partidos políticos. Um ser do mais fino gosto social e cultural, cria a PIDE - grupo de funcionários públicos que, através da técnica do lápis azul, garantia de forma obcessiva a qualidade de tudo o que se esvrevia e dizia. Defendia que o talento se aprimora à força de cassetetes. Mandou construir inúmeras infra-estruturas um pouco por todo o país, das quais se destacam as escolas concebidas para que as crianças aprendessem a escrever os seus nomes e o do próprio Salazar. Os que não aprendiam à primeira, tinham na Mocidade Portuguesa um poderoso auxiliar educativo. Homem de poucas amizades, valorizava sobretudo a devoção (Cardeal Cerejeira) e os lambe-botas (António Ferro). Nos anos 60 expressa uma enorme vontade de viajar ("Para Angola rapidamente e em força") e, já no término da década, os objectos inanimados revoltados com a mansidão dos portugueses, decidem derrubá-lo, literalmente. Faleceu em 1970. Apesar do nome, o Estado Novo envelheceu e também foi derrubado. Mas António, o de Oliveira, o Salazar, continuaria nos corações das pessoas e seria eleito "O Maior Português de Sempre", vencendo finalmente as eleicões.