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Alma do Diabo

Alma do Diabo

Honoré de Balzac . Beleza ideal

02.07.23

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“Admirava naquele momento a beleza ideal cujas perfeições procurara até então na natureza, quando ia buscar a um modelo, muitas vezes ignóbil, as curvas de uma perna perfeita, a outro os contornos do seio, a outro ainda os seus brancos ombros; quando usava, enfim, o pescoço de uma rapariga, e as mãos de uma mulher, e os joelhos polidos de uma criança, sem encontrar nunca sob o céu frio de Paris as ricas e suaves criações da Grécia antiga. A Zambinella mostrava-lhe reunidas, bem vivas e delicadas, aquelas refinadas proporções da natureza feminina tão ardentemente desejadas, e das quais um escultor é, simultaneamente, o mais severo e o mais apaixonado dos juízes…

Era mais que uma mulher, era uma obra-prima! Naquela criação inesperada encontravam-se amor capaz de arrebatar qualquer homem e belezas dignas de satisfazer um crítico. Sarrasine devorava com os olhos a estátua de Pigmalião, que para ele descera de um pedestal. Quando a Zambinella cantou foi um delírio. O artista sentiu um frio, e depois um fogo que crepitou de repente nas profundezas do seu íntimo, daquilo a que, à falta de palavras, chamamos coração!”

 

BALZAC, Honoré de. Sarrasine. 1ª ed. Lisboa: Relógio d’Água editores, 2008.

 

Por: Celeste Sampaio

Sophia de Mello Breyner Andersen . Pensar no futuro

01.07.23

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“Mas não creio que ninguém, ali, nesse tempo, pensasse realmente no futuro. Só talvez dois ou três, cuja vida, mais tarde, tão eficiente e bem administrada, teve sempre um ar de coisa previamente fabricada. Mas só esses. Os outros todos não faziam nenhum cálculo sobre o futuro. Para eles o presente era um prazo ilimitado de disponibilidades, suspensão e escolha. Não calculavam o futuro - apenas, vagamente, o esperavam.”

 

ANDERSEN, Sophia de Mello Breyner. Contos Exemplares. 1ª ed. Lisboa: AssírioAlvim, 2014.

 

Por: Celeste Sampaio

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