Álvaro Cunhal

É um ser conhecido pela proeminência das suas sobrancelhas. Dos primeiros polícias da linguagem em Portugal, não aceitava a palavra “amigo” e substituiu-a por “camarada”. Foi um grande ciclista que percorreu quilómetros para entregar coscuvilhices a outros “camaradas”. Não suportava o luxo e por isso adorava a União Soviética. Foi preso diversas vezes, no total esteve 15 anos em cativeiro, bom, bem vistas as coisas, quem é apanhado uma, duas, três, quatro… vezes, no fundo, tem mesmo vontade de estar preso. Durante esse período não comeu nenhuma criancinha ao pequeno almoço. Foi condecorado no estrangeiro com a Ordem de Revolução de Outubro e com a Ordem de Lenine, o que prova que só no estrangeiro é que dão valor aos portugueses. É um ser completamente comunista, nunca quis passar da mediania, pois quem é estupendo é burguês, classe contra quem sempre lutou. A única criação americana que consumiu com prazer foi a série de televisão Macgyver por lembrá-lo da sua fuga de Peniche. Mesmo depois de morto continua a ser a figura maior do PCP. Deixou documentado, tal qual uma cartilha a seguir pelos “camaradas”, todas as ideias de como o partido se deve guiar nos próximos 100 anos. É por isso que ao PCP nunca interessa quem é o líder. É um ser cuja vida comprova claramente que o comunismo não é uma utopia.